O
Tribunal Superior Eleitora (TSE) deve iniciar o julgamento de casos de
candidaturas femininas “fictícias”. Os partidos precisam cumprir a exigência
legal de reservar 30% das vagas para as mulheres. Sem dar espaço para elas, as
siglas criam ‘laranjas’ para disputar as eleições.
Em
um dos casos, de relatoria do ministro Jorge Mussi, cinco candidatas à Câmara
de Vereadores de Valença do Piauí tiveram votação inexpressiva, não fizeram
campanha nem declararam gastos na prestação de contas ao TSE. Uma das candidatas
não teve nenhum voto e outra nem foi à urna votar. Para a 18ª Zona Eleitoral do
Piauí, houve fraude no caso.
Fraudes
O
Ministério Público Eleitoral (MPE) apontam que as candidaturas fictícias dão à
mulher um “papel figurativo na disputa político-eleitoral” e refletem a
“estrutura patriarcal que ainda rege as relações de gênero na sociedade
brasileira”.
Dados
estatísticos da Justiça Eleitoral apontam que, em 2016, mais de 16 mil
candidatos terminaram a eleição sem ter recebido sequer um voto — nem o próprio
candidato votou em si. Desse total de candidatos sem votos, 14.417 eram
mulheres e apenas 1.714 eram homens.
Diante
do apurado, o MPE orientou os procuradores eleitorais a apurar a veracidade das
assinaturas e documentos que constam do processo de registro de candidatura. Em
muitos casos, a mulher nem sabia que era candidata.
A
Justiça eleitoral aponta ainda que o número de candidatas mulheres é
desproporcional ao número de mulheres politicamente ativas no país: ainda em
relação ao pleito de 2016, apenas 31,89% dos brasileiros que se candidataram
eram mulheres. Os resultados também são pouco expressivos. Do total de 5.568
municípios, em 1.286 cidades não houve nenhuma mulher eleita para o cargo de
vereador.
Para
a Justiça Eleitoral, a solução para a baixa participação política da mulher é
simples. Basta aos partidos assegurarem que homens e mulheres disputassem
eleições com igualdade efetiva de chances. As legendas precisam ainda
incentivar as mulheres a se candidatarem e investirem em suas campanhas,
oferecendo verbas para campanha, tempo de propaganda no rádio e na televisão.
No
entanto, não é isso que se vê. Enquanto mulheres buscam por espaço dentro das
siglas, parlamentares ficam de conluio dentro das Casas para barrar os avanços
dos direitos das mulheres dentro da política.
Na
Câmara dos Deputados, os parlamentares tentam que o presidente da Casa, o
deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), crie uma regra de transição para empurrar para
o próximo pleito o repasse de 30% do Fundo Eleitoral para as candidatas
mulheres.
A
preocupação é de que eles, homens, tenham menos dinheiro para gastar em suas
campanhas. Para driblar a decisão do TSE, os candidatos querem que as mulheres
que buscam um lugar na política ajudem a pagar as despesas da campanha dos
homens, incluíndo na nota fiscal delas serviços realizados para eles. (DP)
Segunda-feira,
25 de junho, 2018 ás 07:00
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