O
Ministério Público Federal entende que o Ministério da Cultura exerceu uma
fiscalização "pífia" em relação aos projetos apresentados pelo grupo
de produtores culturais alvo da Operação Boca Livre, deflagrada nesta
terça-feira pela Polícia Federal. A ação, que cumpriu 51 mandados judiciais em
São Paulo, no Rio de Janeiro e no Distrito Federal, mirou um esquema de fraudes
na captação de recursos junto ao Ministério da Cultura por meio da Lei Rouanet.
Conforme
mostraram as investigações, na maioria dos casos os projetos eram apresentados
em duplicidade. Ou seja, continham o mesmo conteúdo, o mesmo folder de
apresentação, o mesmo projeto e tinham apenas o nome alterado. "O
Ministério da Cultura exercia uma fiscalização pífia ou nenhuma para que esses
projetos plagiados e copiados não fossem identificados como tais", afirmou
a procuradora Karen Louise Jeanette Khan, em entrevista coletiva concedida em
São Paulo na manhã de hoje.
O
grupo, composto por catorze pessoas - todas presas nesta manhã na capital
paulista -, agia desde 2001 e conseguiu desviar 180 milhões de reais por meio
da Lei Rouanet. Segundo a Polícia Federal, os criminosos apresentavam projetos
ao Ministério da Cultura para captação de recursos com a iniciativa privada.
Esses projetos eram superfaturados e os valores eram revertidos em favor do
próprio grupo e de seus patrocinadores. "O objetivo da lei [Rouanet] em
momento algum foi atingido. Vimos eventos privados sem nenhum cunho
cultural", disse o delegado regional da PF, Rodrigo de Campos.
Por:
Nicole Fusco
Terça-feira,
28 de junho, 2016
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