Decorar
senhas e códigos de acesso está prestes a virar coisa do passado para os
clientes de banco do país. Em breve, basta conversar com o celular ou com o
computador para ver o saldo da conta, pedir um empréstimo ou negociar uma
dívida, com garantia de que nenhum intruso se passe pelo correntista. A
inteligência artificial está começando a ser usada no relacionamento com os clientes
pelas instituições financeiras no Brasil.
Em
60 dias, o Banco do Brasil oferecerá a novidade para clientes dos segmentos
Private e Estilo Digital – de maior poder aquisitivo. Por meio do aplicativo da
instituição financeira no smartphone, os correntistas terão acesso a um
assistente que permite a realização de transações por meio do celular sem risco
de fraude porque a biometria da voz do cliente estará gravada. O Bradesco testa
tecnologia semelhante para que os clientes possam conversar com os computadores,
ainda sem previsão de lançamento.
Chamada
de computação cognitiva, a tecnologia se baseia na capacidade de computadores
cruzarem grandes volumes de dados e gerarem análises e respostas por conta
própria. No caso de reconhecimento de voz, os computadores memorizam a voz do
usuário para decodificarem padrões, descobrirem hábitos e interpretarem
comandos. No Brasil, a novidade está sendo desenvolvida com base na ferramenta
Watson, importada dos Estados Unidos.
“A
computação cognitiva é revolucionária. O computador tem a capacidade de ler,
interpretar e entender o que está pesquisando para dar a resposta. Estamos
desenvolvendo uma linguagem natural para o homem conversar com a máquina”, diz
o vice-presidente de Tecnologia do Banco do Brasil, Geraldo Dezena.
Além
do assistente de voz no smartphone, o Banco do Brasil pretende, nos próximos 90
dias, estender a computação cognitiva aos computadores. Um assistente virtual
avisará se a máquina do cliente está desatualizada ou sem o módulo de segurança
para acessar a página do banco na internet e orientará a configuração do
computador por meio de auxílio remoto.
Segundo
Dezena, o uso da inteligência artificial no mercado financeiro traz vantagens,
não apenas agiliza o atendimento, como melhora significativamente a relação dos
bancos com os clientes, que poderão fazer transações e consultas apenas por
meio da voz. “Os funcionários não precisarão mais ensinar clientes a usar
terminais de autoatendimento, aplicativos ou computadores. Mesmo a pessoa mais
simples vai poder conversar com a máquina. A computação cognitiva valoriza o
tempo do cliente e traz ganho de eficiência operacional para o banco”, explica.
O
banco também pretende usar a inteligência artificial para auxiliar clientes que
querem renegociar dívidas. Internamente, a computação cognitiva também será
usada por funcionários, que poderão conversar com o computador para tirar
dúvidas, em vez de consultarem manuais. As duas novidades ainda estão em fase
de testes.
Para
o vice-presidente do Banco do Brasil, a computação cognitiva tem potencial para
revolucionar não apenas o mercado financeiro, mas todas as áreas que trabalham
com grandes volumes de dados. “Nos Estados Unidos, médicos estão usando essa
tecnologia para descobrirem doenças. Em vez de procurarem nos livros, falam os
sintomas para a máquina, e o diagnóstico sai na hora”, ressalta.
Por: Wellton Máximo
Domingo,
26 de junho, 2016
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