Tem
sido assim através dos tempos: Cícero condena, Catilina é condenado. Rodrigo
Janot pede a prisão, Teori Zavaski absolve Renan Calheiros, Romero Jucá e José
Sarney. Do lado de fora, patrícios e plebeus não entendem porque Eduardo Cunha
recebeu cinco dias para provar sua inocência, depois de considerado culpado por
seus julgadores.
A
Justiça oscila entre os fundamentos do crime. A sociedade se divide diante
deles tanto quanto os encarregados de julgá-los. Em cada cabeça uma sentença.
Inocentes e culpados nivelam-se de acordo com a opinião dos que interpretam
suas ações.
Haveria
alternativa para substituir a dicotomia? Para aplicar os mesmos princípios em
todos os julgamentos?
Enquanto
não for encontrada uma solução equânime e uniforme, mas impossível e inviável
porque todos os crimes diferem entre si em ações e motivações, haverá que
conviver entre Cícero e Catilina, apesar das múltiplas razões de Rodrigo Janot e Teori Zavaski.
Em
suma, emerge uma evidência: a Justiça é inalcançável como fim. Mas haverá
alternativa?
DIVISÃO IMPOSSÍVEL
Enquanto
o governo Michel Temer continuar respirando sua interinidade, nada de concreto
será produzido, apesar da boa vontade de alguns e da ilusão de outros. Dos
conciliábulos do palácio do Planalto tem surgido propostas as mais
inverossímeis, como a de que para marcar sua presença na História, a atual
administração deveria promover ampla redivisão territorial. Parecem proibidos
de desenvolver-se Estados de tamanho descomunal, assim como pequenas unidades
inviabilizadas pela ínfima dimensão. Seria uma questão a ponderar, mas jamais
agora, seja pelas imensas despesas a exigir, seja pela reação despertada em
suas populações. No futuro, quem sabe...
Por:
Carlos Chagas
Quinta-feira,
16 de junho, 2016
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