A
empresa de telefonia Oi entrou segunda-feira(20) com pedido de recuperação
judicial. A solicitação foi apresentada à Comarca da Capital do Estado do Rio
de Janeiro "em caráter de urgência", como informa a companhia no
comunicado sobre a decisão.
A
empresa tem enfrentado problemas com o alto volume de sua dívida, que chega a
65,4 bilhões de reais. As dificuldades incluem o descumprimento de metas de
qualidade, universalização e ampliação do acesso aos serviços de
telecomunicação. Em maio, a companhia acertou um termo de compromisso de
ajustamento de conduta (TAC) com a Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel) para trocar as multas por esse descumprimento, que chegavam a 1,2
bilhão de reais, por investimentos de 3,2 bilhões de reais até 2020.
"Considerando
os desafios decorrentes da situação econômico-financeira das Empresas Oi à luz
do cronograma de vencimento de suas dívidas financeiras, ameaças ao caixa das
Empresas Oi representadas por iminentes penhoras ou bloqueios em processos
judiciais, e tendo em vista a urgência na adoção de medidas de proteção das
Empresas Oi, a Companhia julgou que a apresentação do pedido de recuperação
judicial seria a medida mais adequada", diz o comunicado assinado por
Flavio Nicolay Guimarães, diretor de Finanças e de Relações com Investidores da
Oi.
Segundo
o comunicado, só assim a companhia conseguirá preservar a continuidade da
oferta de serviços de qualidade a seus clientes dentro dos compromissos
assumidos com a Anatel, preservar o valor da empresa, manter a continuidade de
seu negócio e proteger o caixa do grupo.
A
Oi fechou 2015 com prejuízo de 5,3 bilhões de reais e, no ano anterior, de 4,4
bilhões de reais. No primeiro trimestre deste ano, a perda da empresa foi de
1,64 bilhão de reais, montante 268% maior que o do mesmo período de 2015.
A
empresa de telefonia foi uma das beneficiárias da chamada política de
"campeões nacionais", segundo a qual, com crédito farto do BNDES,
companhias selecionadas se tornariam gigantes em seus setores com capacidade
para competir globalmente. A Oi foi ungida de maneira ainda mais benevolente:
em 2008, o governo autorizou mudanças nas regras do setor de telecomunicações
para que ela pudesse comprar a Brasil Telecom e se transformar em uma
"supertele".
Oito
anos depois, a supertele protagonizou o maior pedido de recuperação judicial da
história do país.
(VEJA)
Segunda-feira,
20 de junho, 2016
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