Após
receber denúncias da população e de promotores que atuam no interior do
Amazonas sobre problemas na transição em administrações municipais, o
procurador-geral de Justiça do estado, Fábio Monteiro, reuniu-se com prefeitos
nessa sexta-feira (18). Entre os problemas relatados nas denúncias estão
atrasos de salários de servidores e demissões.
A
intenção é orientar os atuais prefeitos no sentido de facilitar o trabalho dos
novos gestores e evitar crimes contra a administração municipal. "Temos
notícias de algumas comarcas em que um número muito significativo de servidores
tem sido demitido. Outra questão muito importante é a transição. Os promotores
do interior lidam diariamente, no início das gestões, com grandes problemas
advindos dos prefeitos eleitos que comunicam ao Ministério Público que não
conseguem encontrar alguns dados, documentos de processos licitatórios,
convênios, contratos. Então é importante que nós conversemos”, ressaltou Fábio
Monteiro.
De
acordo com o procurador-geral, as denúncias envolvem quase 70% dos municípios
amazonenses e estão relacionadas também à má gestão dos recursos públicos,
dilapidação de patrimônio, não pagamento de fornecedores de material e
prestadores de serviços e ainda paralisação da rede pública de saúde.
“Entendemos
a crise, a questão da responsabilidade fiscal, mas não podemos aceitar que
pessoas que foram contratadas – e se foram contratadas é porque havia
necessidade – fiquem com seus salários atrasados. A prefeitura é, em todo o
interior do Amazonas, a maior empregadora. Então, é óbvio que isso afeta
enormemente a economia local, tanto o atraso de salário, quanto a demissão. O
objetivo aqui é recomendar que seja cumprida o que determina a lei. E a Lei
Eleitoral proíbe essas demissões neste período. Mas isso, é claro, [é preciso]
numa conversa, ouvir o que eles [os prefeitos] têm a dizer e tentar
sensibilizá-los de que as adversidades do pleito devem ser sublimadas para o
próximo processo eleitoral", afirmou o procurador-geral.
A
Corregedoria-Geral do Ministério Público do Amazonas já expediu uma
recomendação a todos os promotores lotados no interior para que instaurem
procedimento administrativos com o objetivo de acompanhar as transições nas
prefeituras e nas câmaras municipais. Caso sejam verificadas irregularidades,
os envolvidos poderão ser responsabilizados pela Justiça.
“Não
é o nosso objetivo por hora. Queremos evitar que isso ocorra para que a
população não sofra. Mas, se não for possível, nós temos que tomar nossas
providências. Temos que deixar claro para eles que, se o que estiver motivando
é represália em virtude do processo eleitoral, as providências serão até mais
rigorosas”, destacou Monteiro.
O
prefeito do município de Itamarati e presidente da Associação Amazonense de
Municípios, João Campelo, disse que a entidade está colaborando com o
Ministério Público no trabalho de orientação dos prefeitos. Ele afirmou que os
gestores enfrentam dificuldades para entregar as prefeituras às novas
administrações.
“O
interior do estado vem sofrendo há muito tempo devido às dificuldades de
logística e da comunicação. Por conta disso, temos também dificuldades de
termos grandes profissionais para nos ajudar a fazer uma gestão de alto nível
como a população merece e como deve ser. Mas, com a orientação do Ministério
Público e do Tribunal de Contas, todos os prefeitos atuais e prefeitos eleitos
e reeleitos estão tomando as providências devidas, fazendo contato com os
procuradores dos municípios, contadores e secretários, principalmente, de
finanças. E tenho certeza que vai ter uma transição como é esperada pela
Justiça e pelo povo”, declarou o prefeito.
Domingo,
20 de Novembro de 2016
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