Ueslei
Marcelino =
Palácio sinaliza pela primeira vez que pode mudar forma de rendimento.
Mercado reagiu imediatamente
A mudança na regra de remuneração da caderneta de poupança ganhou ontem
o primeiro sinal oficial do Palácio do Planalto. Ao contrário das negativas dos
integrantes da equipe econômica, a presidente Dilma Rousseff deixou em aberto a
possibilidade de alterar o rendimento da poupança - e abrir espaço para reduzir
a taxa básica de juros (Selic), sem provocar fuga de recursos dos fundos de
investimentos para a caderneta.
A reação no mercado financeiro foi imediata. Os investidores aumentarem
suas apostas no mercado futuro, elevando para quase 90% a probabilidade de um
novo corte de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom),
do Banco Central. A expectativa predominante é de que o BC corte os juros em
0,50 ponto porcentual, para 8,5% ao ano.
Mudanças
Dilma foi questionada pela imprensa sobre as mudanças na poupança
depois de receber o governador-geral do Canadá, David Johnston. No lugar do
categórico não, Dilma optou por um sinal mais aberto: “Veremos, veremos. Cada
dia com sua agonia.” Diante da insistência dos jornalistas, ela completou: “Sem
dúvida nenhuma, todas as questões vão ser avaliadas pelo governo com muita
calma, muita tranquilidade”. Dilma ainda brincou: “Vocês não vão tirar a
manchete de mim. De jeito nenhum”.
Os bancos têm pressionado o governo a anunciar novas regras para a
caderneta. O movimento é reflexo da queda contínua da Selic. Alguns fundos de
investimento já perdem em rentabilidade na comparação com a poupança por causa
das taxas de administração cobradas e a incidência do imposto de renda, o que
não acontece na caderneta.
Os técnicos do governo dizem que não há necessidade de o governo tratar
de um assunto tão delicado em um ano eleitoral. Mas admitem que a rentabilidade
da poupança é um problema que terá quer ser discutido “em algum momento”.
Crítica
Dilma voltou a criticar os altos juros cobrados pelos bancos. “Não
existe explicação técnica para sermos o País que somos, que tenhamos
estabilidade macroeconômica como temos, e nossas taxas de juros não sejam
compatíveis com as taxas internacionais”, disse.
Ao ser questionada se os bancos não deveriam reduzir suas taxas de
administração, a presidente esquivou-se de responder. “Não vou me imiscuir
(intrometer) na forma como se administra nada. Não acredito que seja uma
questão que vamos realizar de supetão. Vamos realizar isso progressivamente.”
Dilma repetiu que não há razão para termos taxas de juros tão elevadas.
“Vejo países com alto grau de endividamento, com déficits fiscais estarrecedores,
com níveis de inadimplência absurdos, praticando taxa de 1%, 2%, 5%. Então, o
que eu estou dizendo é que o Brasil progressivamente pode, como pode fazer
outras coisas, vai poder também fazer isso (reduzir as taxas).”
Sexta – feira 27/4/2012 ás 6:50h
Postado pelo Editor
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