Folhapress =
No DF, onde o esquema Cachoeira tentou se infiltrar, Agnelo Queiroz será investigado; em Goiás, onde há até a suspeita de propina no palácio, Marconi Perillo é poupado; com uma atuação pouco criteriosa, procurador Roberto Gurgel será um dos primeiros nomes ouvidos pela CPI
O procurador-geral da República, Roberto
Gurgel, corre o sério risco de se transformar num dos alvos da CPI que
investiga o caso Carlos Cachoeira. Dos mais de 170 requerimentos já
apresentados, um dos primeiros a ser votados será o do senador e ex-presidente
Fernando Collor (PTB-AL), que pede justamente a convocação de Gurgel. Isso
porque, durante dois anos, a PGR engavetou o pedido de investigação feito pela
Polícia Federal contra o senador Demóstenes Torres (sem partido/GO), sem
explicação plausível.
O que também continua sem explicação clara é
a postura de Gurgel diante dos fatos novos que vêm sendo apresentados a cada
dia. Desde o início da crise, ficou clara a influência do esquema
Delta-Cachoeira no governo de Goiás, de Marconi Perillo. Carlos Cachoeira foi
recebido pelo governador, por secretários e teve influência direta na nomeação
de delegados e pessoas até do primeiro escalão do governo goiano.
A Delta saiu
do zero para um faturamento de mais de R$ 450 milhões em Goiás na era Marconi.
E a bomba do dia diz respeito a um suposto pagamento de propina no Palácio das
Esmeraldas, cujo destinatário seria o governador Marconi Perillo – que nega .
Apesar de tudo isso, Gurgel disse que ainda
não vê elementos para investigar Perillo. De acordo com a PGR, não há “indícios
suficientes”. O que é curioso quando o próprio governador admite que houve
certa influência de Cachoeira em Goiás – e o próprio PSDB deve convocar seu
governador.
Dois pesos, duas medidas
De maneira completamente distinta, Gurgel
anunciou que irá investigar o governador do Distrito Federal, o petista Agnelo
Queiroz. O que os grampos da Polícia Federal revelam é que, desde o início do
seu governo, arapongas e agentes da Delta tentavam se infiltrar no Distrito
Federal, para replicar na capital federal e no seu entorno o reinado que haviam
conquistado em Goiás. Gurgel, sem pensar duas vezes, anunciou a investigação.
Ao mesmo tempo, até hoje a Procuradoria Geral
da República não conseguiu se livrar de outro fato constrangedor no Distrito
Federal. Mais de dois anos depois da queda do ex-governador José Roberto
Arruda, que foi preso e perdeu seu mandato, os procuradores ainda não
conseguiram denunciá-lo.
É uma situação esdrúxula, de uma condenação que já
aconteceu na prática, sem a existência de um processo.
Gurgel também está na mira do PT pela
denúncia final que apresentou no caso do mensalão. Uma peça que teria, segundo
os petistas, caráter mais político do que técnico.
Quinta – feira 26
de Abril de 2012 às 19:30h
Postado pelo Editor
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