O Estado de S. Paulo =
Ministra atribuiu má situação do TJ-SP por falta de estrutura e inadimplência em precatórios
A ministra Eliana Calmon, corregedora nacional de Justiça, disse nesta
sexta-feira, 23/3, que o Judiciário "está no banco dos réus" pelos
momentos difíceis que vêm atravessando. Ela participa de uma
reunião-almoço no Jockey Clube, promovida pelo Instituto dos Advogados de São
Paulo.
A ministra realizou uma palestra sobre
Justiça e precatórios, que atormentam grande multidão de credores no País. Por
força de Emenda Constitucional 62/09, o Judiciário recebeu a missão de efetuar
os pagamentos de precatórios, mas, de acordo com Eliana Calmon, os tribunais
não têm estrutura, nem se modernizaram para atender a grande demanda que lhes
cabe desde a Constituição de 1988.
Eliana Calmon relatou as dificuldades que
encontrou para fiscalizar o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), o maior
do País. "Em administração, não é o tamanho que mete medo, nem é o tamanho
que dá grandeza", disse a ministra. Segundo ela, "o que dá grandeza é
a humildade de dizer que precisa de ajuda". Seu recado foi dirigido à ala
da toga que resiste à atuação do CNJ.
"O grande papel da Corregedoria é
naturalmente a de pulsão disciplinar, e que nós estamos presentes",
prosseguiu Eliana Calmon. "Previne-se a corrupção do Poder Judiciário
ensinando-o a ter uma boa gestão. A boa gestão não é privilégio de SP, nem do
DF, nem da própria Corregedoria."
A ministra reiterou: "Tivemos tantas
dificuldades para entrar (no TJ) em São Paulo. Foi um namoro de quase 1 ano e meio.
Vim várias vezes oferecer os préstimos e nunca consegui saber o que estava
havendo. Eu entendo a cultura do Poder Judiciário."
Segundo ela, os "magistrados acham que o
controle externo do poder é um absurdo". Para Eliana Calmon, a corrupção
no Poder Judiciário é um problema de desorganização de gestão. A ministra
finalizou ao dizer que finalmente conseguiu abrir a fiscalização no Judiciário
de SP.
"É uma lição que aprendi e que SP também
aprendeu. Eu fui ousada no momento em que eu disse 'vou entrar (no Tribunal) em SP'.
Se não for por bem, vai ser por mal. Esta fase passou. Foi entrar em SP que
causou todo esse rebuliço", disse.
A corregedora também enfatizou a diferença de
atuar em tribunais da relevância como o de São Paulo. "Tinha feito (fiscalização) em
vários tribunais pequenos. Quando se está batendo em desembargador pequeno, de
Estados nordestinos, não têm problema. O problema é que quando chega nos
grandes tribunais, nos que tem respaldo maior, das elites políticas, da elite
econômica. Mas não estamos aqui para brincar de ser corregedora. A Corregedoria
tem poderes amplos, sim, e será preservada."
Sexta – feira 23 de março de 2012 ás 17:55
Postado pelo Editor
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