Brasil de fato
Espera-se, para as próximas horas, a libertação do mafioso Carlinhos Cachoeira, que mandava no governo de Goiás, presenteava senadores, controlava delegados e era um doador universal da política. O pânico: ele pode ter feito acordo de delação premiada para reduzir sua pena
O pedido de habeas corpus já foi apresentado
pelo advogado Ricardo Sayeg, que defende o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Nele,
sugere-se que o mafioso deixe a prisão de segurança máxima onde se encontra, em
Mossoró (RN), e passe a ser monitorado por tornezeleira eletrônica, em prisão
domiciliar. Em Goiânia, dá-se como líquido e certo que o bom amigo de todos os
políticos goianos voltará para casa neste sábado. Já estão até sendo preparadas
faixas para esperá-lo no aeroporto.
Ocorre que a cachoeira de lama em Goiás tem
tudo para se transformar numa tsunami – exatamente um ano depois da tragédia de
Fukushima. Isso porque se especula que ele tenha feito um acordo de delação
premiada, que permite a redução de até dois terços da pena. Se isso for
verdade, Cachoeira terá seguido o exemplo de outro homem-bomba que foi capaz de
abalar um governo: o policial Durval Barbosa, que era um dos maiores
corruptores de Brasília, mas se encontra em liberdade por ter aberto as
comportas da Operação Caixa de Pandora.
Sem a delação premiada, Cachoeira corre o
risco de passar o resto da vida atrás das grades. As acusações que pesam com
ele vão de formação de quadrilha a corrupção ativa, passando por espionagem
clandestina e exploração ilegal do jogo. Prato cheio para uma condenação
exemplar, que poderia mantê-lo preso pelo resto da vida. Num cenário de
delação, o quadro seria outro.
E eis algumas dúvidas que ele poderia
esclarecer:
- Quais foram os nomes de todos os delegados
indicados por ele na polícia militar de Goiás?
- Como foi sua participação na campanha que
elegeu o governador tucano Marconi Perillo?
- Qual foi o material preparado pelo sargento
Idalberto Martins, vulgo Dadá, na campanha eleitoral de Perillo?
- Quais são suas relações com o senador
Demóstenes Torres (DEM/GO) e que assuntos foram tratados nas 298 ligações
telefônicas?
- Por que decidiu presentear o senador com
uma cozinha completa avaliada em R$ 47 mil?
- Quais foram os políticos, de todos os
partidos, que receberam doações, por dentro e por fora, de suas empresas?
- Qual é sua relação com a Delta Engenharia e
por que tinha livre acesso ao caixa da empreiteira em Goiás? Havia alguma
sociedade?
- Qual é a sua relação com o delegado e
deputado Protógenes Queiroz (PC do B) e como foram seus encontros, com a
presença do sargento Dadá?
Por essas e outras, já dá para imaginar o
pânico que a eventual soltura de Carlinhos Cachoeira provoca nos meios
políticos.
E não apenas de Goiás.
10 de Março de 2012 às
07:43h
Postado pelo Editor
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