Está em andamento uma tentativa de melar o
julgamento do mensalão e de submeter o Supremo Tribunal Federal (STF) aos
interesses de certos setores do Congresso Nacional. A possibilidade concreta de
cadeia, consequência natural do julgamento do mensalão, acionou o alerta
vermelho no submundo da cultura da corrupção. As manchetes dos jornais refletem
a reação desesperada dos mensaleiros de hoje e de sempre. Por trás dos embargos
e recursos dos advogados dos mensaleiros, ferramentas legítimas do direito de
defesa, o que se oculta é um objetivo bem determinado: zerar o placar, fazer um
novo julgamento, livrar os culpados do regime fechado. É simples assim. As
rusgas entre o Congresso e o Supremo têm bastidores pouco edificantes.
É impressionante o número de parlamentares com
inquéritos ou ações penais na fila de julgamento do STF. No Congresso Nacional,
são 160 deputados e 31 senadores, um terço da instituição. Na Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, 32 de seus 130 integrantes respondem a
inquéritos, entre os quais dois já condenados, José Genoino e João Paulo Cunha
(PT-SP), Paulo Maluf (PP-SP) e o presidente do fórum, Décio Lima (PT-SC), com
quatro inquéritos por improbidade administrativa e sonegação previdenciária
quando prefeito de Blumenau. O que está em jogo não é a independência do
Congresso, mas a pornodefesa da impunidade.
Muitos leitores, aturdidos com a extensão do
lodaçal que se vislumbra na onda de corrupção reiteradamente denunciada pela
imprensa, manifestam profundo desalento. "Não vai acontecer nada. Os
bandidos não estão na cadeia, mas no comando do Brasil" - esse comentário
me foi enviado por um jovem universitário. É tremendo, pois reflete o
sentimento de muita gente.
A política é a arte da negociação, mas não pode ser
a ferramenta da bandidagem. E é isso que está por trás das tentativas de melar
o julgamento do mensalão. O que você, amigo leitor, pode fazer para contribuir
para a urgente e necessária ruptura do sistema de privatização do dinheiro
público que se enraizou nas entranhas da República?
Carlos
Alberto Di Franco é doutor em Comunicação
pela Universidade de Navarra e diretor do departamento de Comunicação do
Instituto Internacional de Ciências Sociais. E-mail: difranco@iics.org.br.
Sexta-feira 31 de maio
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