Sem papas na língua (acho que ele
se orgulha disso), o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa,
ensinou na segunda-feira (20/5) a estudantes de Brasília que os partidos
brasileiros são "de mentirinha". Nem o grosso dos cidadãos vê
consistência ideológica e programática nos partidos, nem os líderes partidários
estão interessados em ideologia e programas. ...
Ok, um ministro do Supremo não
pode sair por aí falando o que todo mundo fala, mas Joaquim não disse nenhuma
mentira.
Tanto que líderes de governo e de
oposição vestiram a carapuça e se tomaram em brios.
O problema é que há muito mais
coisa "de mentirinha", uma delas no próprio Supremo, que é tão atento
às escorregadelas dos demais Poderes, mas de vez em quando também derrapa.
Conforme os repórteres Eduardo Bresciani e Mariângela Gallucci, a corte gasta
fortunas com viagens, inclusive internacionais e durante os recessos, para os
ministros e suas mulheres. As viagens são de trabalho ou isso é só "de
mentirinha"?
Também os encontros e a
cordialidade dos aliados Dilma Rousseff e Eduardo Campos são tão mais "de
mentirinha" quanto mais os dois vão se tornando efetivamente adversários.
Enquanto Dilma chuta em gol e Campos aplaude na Arena Pernambuco, o PT e o
Planalto chutam a canela dos partidários do governador em Brasília. Um deles, o
ministro Fernando Bezerra, está até fazendo gol contra (contra o padrinho
Campos).
Igualmente "de
mentirinha" foi a boataria sobre o Bolsa Família, mas contra os mais
pobres, com correria e depredações. Como foi "de mentirinha", e ela
admitiria depois, a acusação da ministra Maria do Rosário de que a culpa é da
oposição.
Nada disso, porém, é tão "de
mentirinha" quanto os dados sobre miséria. Segundo o repórter João Carlos
Magalhães, basta aplicar a inflação à "linha da miséria" (R$ 70 por
mês, desde 2011) que 22,3 milhões voltam para onde estavam. E de onde, no mundo
de verdade, nunca saíram.
Fonte: Brasília 247 - 21/05/2013
Terça-feira 21 de maio
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