Para
tentar reverter o pessimismo apontado pelos indicadores econômicos, a
presidente Dilma Rousseff planeja apresentar ainda neste mês medidas e propostas
que ajudem a retomar o crescimento e animar a economia, mas sem abandonar o
ajuste fiscal que desde o início do segundo mandato tenta implementar. O plano
já é tratado no Palácio do Planalto como uma espécie de "novo PAC" e
tem como prioridade estimular o setor de construção civil.
A
expressão "novo PAC" faz referência ao Programa de Aceleração do
Crescimento, criado em 2007 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva
para estimular a economia. Posteriormente, o PAC foi usado para ajudar a eleger
a então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff à presidência da República.
Para
o Planalto, a escolha pela construção civil deve-se à capacidade do setor de,
uma vez estimulado, reagir mais rapidamente e, com isso, criar empregos. O
setor foi o que mais eliminou postos de trabalho em 2015, com cerca de 500.000
demissões - o pior resultado da história.
Entre
as principais demandas das empresas de construção civil para voltar a crescer
estão a retomada de projetos como a terceira fase do programa Minha Casa Minha
Vida e a quitação de obras já executadas. Há atrasos de até quatro meses no
pagamento a empresas contratadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura
de Transportes (Dnit), autarquia que gerencia mais de 1.000 contratos ativos e
é dona do maior orçamento liberado pelo governo.
Estimular
esse setor e, com isso, dar novo fôlego à economia, casa com a agenda política
de 2016. A presidente enfrentará na volta do recesso parlamentar, em fevereiro,
um processo de impeachment e há a avaliação no governo e no PT de que é preciso
agir o mais rapidamente possível para evitar uma grande derrota nas eleições
municipais, em outubro. A resposta seria um plano para tentar conter a alta do
desemprego e reduzir a força do discurso oposicionista de que o partido é o
maior responsável pela crise econômica.
Isso
explica por que nos últimos dias alguns ministros têm admitido em público erros
na condução econômica e, ao mesmo tempo, defendido Dilma do impeachment. Nesta
segunda-feira, pelo Twitter e pelo Facebook, o ministro da Casa Civil, Jaques
Wagner, afirmou que o governo não apenas reconhece os erros que cometeu na
economia como está trabalhando para resolvê-los.
"Temos
plena consciência de alguns erros que cometemos e das dificuldades que
precisamos vencer na economia, mas impopularidade não é crime", escreveu o
ministro. "É um defeito, um problema que vamos seguir trabalhando para
resolver."
(Com
Estadão Conteúdo)
Terça-feira,
05 de janeiro, 2016
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