Diante
da constatação de que não conseguiria cumprir a meta de visitar todas as casas
brasileiras até o fim de janeiro, em busca de criadouros do mosquito Aedes
aegypti, o governo decidiu adiar o prazo. Agentes de saúde e militares das
Forças Armadas terão até o fim de fevereiro para cumprir o compromisso,
assumido no fim do ano passado e considerado crucial para tentar evitar que o
País enfrente no verão uma tríplice epidemia de dengue, chikungunya e zika.
As
ações também tentam conter o avanço da microcefalia, uma má-formação congênita
que em 90% dos casos provoca deficiência mental. A doença, que até meados do
ano passado era considerada rara, aumentou de forma expressiva, sobretudo nos
Estados do Nordeste. Uma das hipóteses dos pesquisadores e do próprio
Ministério da Saúde é de que o aumento é causado pela infecção do zika da mãe
para o bebê, ainda no período de gestação.
O
anúncio da prorrogação ocorreu um dia depois de uma reunião de emergência,
convocada pela presidente Dilma Rousseff para discutir as ações de combate ao
vetor. Descontente com o trabalho, ela cobrou da equipe reforço nas atividades.
“Não foi uma reunião de emergência, muito menos de bronca”, desconversou o
secretário executivo substituto do Ministério da Saúde, Neilton Oliveira. “Mas
de acompanhamento”, completou. Ainda assim, o ministro da Saúde, Marcelo
Castro, iniciou nesta sexta-feira, 22, no município do Crato, no Ceará, uma
caravana de mobilização que deverá se estender pelo Nordeste.
Balanço
inicial. De 1.º de janeiro até esta sexta, equipes conseguiram fazer 7,4
milhões de visitas no País para a eliminação de criadouros – o equivalente a
15,2% da marca que havia sido fixada pelo governo. O atraso é atribuído às
dificuldades de se implementar nos Estados salas para controle das ações.
Mesmo
em ritmo lento, a realidade encontrada pelas equipes é bastante preocupante. Os
índices de infestação nos locais visitados é de 3% (225 mil residências), marca
tradicionalmente classificada como “situação de alerta” para surtos. A meta do
governo é reduzir os índices de infestação para menos de 1%. “Se visitarmos
todas as casas até o fim de fevereiro e encontrarmos índices superiores a essa
marca no fim do período, certamente vamos continuar a fazer o trabalho, até os
números baixarem”, disse Oliveira.
Para
o chefe da Sala Nacional de Coordenação e Controle do Aedes aegypti, Marcus
Quito, é essencial que a meta seja alcançada, sobretudo diante da tendência,
identificada nos últimos meses, de aumento de casos de dengue. O número de
casos da doença vem aumentando de forma expressiva nos últimos meses, um
indicador de que o mosquito está em atividade e, portanto, de que há um risco
concreto de expansão de casos de zika, vírus que chegou ao Brasil apenas no ano
passado, mas que está associado a casos de má-formação congênita e problemas
neurológicos.
Por
Estados. Dados divulgados pelo Ministério da Saúde mostram que a maior taxa de
visitação de agentes de saúde ocorreu na Paraíba, com 49,29% das casas
vistoriadas. Em seguida, vem o Rio, com 30,15% dos domicílios visitados. Em São
Paulo, equipes vistoriaram 17,17%. “Nosso principal foco agora é intensificar
as ações”, disse Quito.
Um
grupo de 115 municípios considerados prioritários deverá ser monitorado mais de
perto. As cidades foram escolhidas de acordo com critérios populacionais e de
circulação do vírus. Oliveira afirmou que mesmo imóveis fechados serão
visitados. De acordo com ele, cada Estado discute mecanismos legais de acesso
aos imóveis.
(AE)
Sábado,
23 de janeiro, 2016
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