O
Planalto resolveu adotar uma postura mais cautelosa em relação às medidas que a
equipe do ministro Nelson Barbosa discute para fazer o país sair do fundo do poço.
E isso não é uma má ideia.
Administrar
expectativas é uma tarefa fundamental para o bom andamento da política
econômica.
Veja
o caso da inflação. Se o Banco Central não consegue fazer com que as pessoas
acreditem que os preços estarão em patamar adequado no futuro, o efeito das
ações tomadas no curto prazo para atingir esse objetivo acaba tendo pouco
efeito e os indicadores seguem sua escalada.
Diante
da baixíssima taxa de credibilidade que ainda tem na praça, o governo Dilma
Rousseff parece ter entendido que é preciso avisar, de antemão, que desta vez
não vai ter pacote, pacotinho ou pacotão.
As
medidas terão figurino mais austero, em consonância com os tempos magros que
vivemos por aqui. O lema é baixar a bola agora para evitar desilusões futuras.
Como
resumiu o ministro Jaques Wagner, o país não está mais em condições de oferecer
pacotes bombásticos ou tirar coelhos da cartola, apesar de muita gente no PT
ainda acreditar que boas intenções são suficientes para gerar dinheiro no
caixa.
Vale
lembrar que delírio não é uma exclusividade petista. Alguns segmentos da
iniciativa privada ainda sonham com uma esticada na festa do dinheiro público
bom, barato e direcionado ao cofre dos amigos.
Apesar
do surto de sensatez, a pauta de medidas que a presidente pretende tocar ao
longo dos próximos meses conta com dois itens que, por si só, garantem muita
encrenca.
O
mais simples é nada menos do que o renascimento da CPMF, o odiado imposto do
cheque. Mas a bomba mesmo é a reforma da Previdência, tema mais impopular do
que a própria presidente petista, como mostrou recente pesquisa da CUT.
Não
teremos pacotão até o Carnaval, mas o barulho está garantido.
(Renato Andrade)
Domingo,
10 de janeiro, 2016
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