A
partir dessa nova onda de delações premiadas há quem se preocupe com a sorte do
governo, da presidente Dilma, do ex-presidente Lula e do PT. Só por milagre
eles recuperam popularidade e prestígio, mas podem perder mais coisa. A começar
pelas eleições deste ano e de 2018, entrando na equação o próprio poder. O
impeachment de Madame já não está tão longe quanto há duas ou três semanas. O
volume de acusações dessa nova safra de denúncias surpreende pelo envolvimento,
a participação e a tolerância de gente antes considerada acima de qualquer
suspeita.
Tome-se
a entrega da BR Distribuidora ao ex-presidente Fernando Collor pela presidente
Dilma. Foi ao vivo, em audiência palaciana. Não há como desmentir a “doação”,
confirmada pelo próprio ex-presidente e por Madame.
Nem
vale à pena ficar citando as delações personalizadas de Fernando Baiano,
Cerveró e outros personagens. Mesmo que estejam ampliando acusações ou até
mentindo em determinadas situações, prevalece a natureza das coisas. Políticos,
empreiteiros e altos funcionários públicos tem sido condenados e presos por
ação da Justiça. O país inteiro toma conhecimento de suas falcatruas e
roubalheiras.
Reflexos
e consequências surgem inevitáveis. Primeiro o desprezo dedicado pelo cidadão
comum aos políticos, mesmo com uns poucos sendo injustiçados. Depois, a
descrença nas instituições. Junte-se a falência dos governos, do federal aos
estaduais e municipais, e se terá a receita da rejeição, pelo povo, de quantos
um dia imaginaram representá-lo.
É
preciso prestar atenção no retorno de deputados e senadores a Brasília, no
final do mês. Trarão na bagagem o sentimento de repúdio colhido junto às suas
bases, até inutilmente dispostos a demonstrar pertencerem a outro universo, mas
sabendo da mesma origem. Parece provável que venham menos tolerantes com o
festival de corrupção revelado cada dia em maiores detalhes. Traduzindo: o
impeachment da presidenta Dilma ganhará força, senão bastante para destrona-la,
pelo menos suficiente para intimidá-la. Cresce a certeza de que não adianta
mais dar o dito pelo não dito e iniciar a ansiada recuperação nacional. Ninguém
acreditaria. Nem eles.
(Carlos Chagas)
Sábado, 16 de janeiro, 2016
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