Impressionante! Mas a cristalização de certas
realidades vai turvando até o mais simples e linear dos raciocínios.
Pela mera lógica que guia a vida da maioria
das pessoas, um cidadão com ficha corrida não se candidataria a cargo eletivo
nenhum.
Mas presenciamos o contrário: indivíduos
enroladíssimos que buscam o guarda-chuva da imunidade parlamentar para protelar
o julgamento dos crimes que cometeram. Com o objetivo de saírem impunes, claro.
Sem contar o escancarado espírito de corpo
que domina o Poder Legislativo, estendendo a imunidade, que deveria estar
vinculada somente ao exercício parlamentar, para os crimes comuns.
Sinceramente, quando é necessária a
mobilização de 1,5 milhão de pessoas, para que o Congresso Nacional aprove a
Lei da Ficha Limpa, era de se esperar uma reação diferente dos políticos.
Nem vergonha os ditos-cujos sentem.
Esperneiam para achar brechas na legislação - como é de costume - para fazer
morta a letra da lei.
Depois, é necessária uma votação no Supremo
Tribunal Federal (STF) para que os senhores transgressores das leis
conformem-se de que devem, pelo menos, ter candidaturas barradas.
Como um legislador pode legislar se está
respondendo na Justiça exatamente como transgressor das leis?
Questionamentos simples caem por terra diante
da volúpia desses cidadãos que querem a todo custo estar com as mãos perto, bem
perto dos cofres públicos.
Portanto, algo que deveria ser simples e
elementar no caso de candidatos, gera um bafafá desse tamanho.
Em síntese, o desejo de roubar e continuar
roubando o dinheiro do contribuinte suplanta qualquer indício das normais
reações do ser humano, como a da vergonha e a do arrependimento.
Sempre - no caso dos ladrões de colarinho
branco - há argumentos para sustentar a criminalidade oficial - essa que mata pela
falta de hospitais, de segurança, de estradas, de cumprimento do dever
etc.
Aquele dever que cínica e criminosamente
aparece em todos os discursos, escritos ou improvisados, daqueles que se
arvoram em conduzir os destinos da nação precisa de uma lei para que seja
cumprido.
Não é à toa que os homens com pendor para a
retidão e a honestidade não se sentem atraídos pela política. Uma pena!!!
Valdeci Rodrigues
Quinta – feira.16/02/2012 ás 18h03
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