Terra
Um dia
depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter confirmado os poderes do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para investigar magistrados suspeitos de
irregularidades, a corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon,
negou que tenha "mágoa" pelo processo de questionamento que enfrentou
e agradeceu o "apoio popular" que recebeu durante o momento em que
foi criticada sua atuação de investigar juízes e desembargadores.
Eliana
Calmon chegou a ser alvo de uma representação da Associação dos Juízes Federais
do Brasil (Ajufe), da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e da
Associação Nacional dos Magistrados Trabalhistas (Anamatra) por supostamente
ter promovido uma devassa na movimentação financeira de mais de 200 mil os
servidores e magistrados do Judiciário.
Emocionada
e com lágrimas nos olhos, a ministra disse que ao longo de toda sua carreira
nunca havia visto uma mobilização tão grande como a que ocorreu sobre os
poderes de atuação do Conselho Nacional de Justiça. Ela relembrou, no entanto,
que o julgamento no STF ainda não foi concluído. Ainda faltam quatro artigos da
resolução do CNJ para serem analisados pelos ministros.
"Quero
fazer meus agradecimentos ao povo brasileiro, à sociedade que seguiu e que
acompanhou todo este movimento, participando de todo um movimento de cidadania.
Eu, como cidadã brasileira, estou muito orgulhosa de ver esta movimentação.
Estou feliz, sim, com o resultado e mais ainda com o que eu vi de cidadania com
esta participação popular", disse. "No Brasil eu nunca vi, com 32
anos de magistratura, uma discussão tão ampla e tão participativa do ponto de
vista de todos os segmentos da sociedade, sejam as pessoas mais simples do
Brasil até aqueles juristas mais renomados, os PhDs em Direito, todos se
manifestaram. Isso é histórico. Estamos no caminho para uma democracia
plena."
Embora o
presidente do STF, Cezar Peluso, tenha votado de forma divergente da maioria
dos ministros que garantiu forças ao CNJ, Eliana Calmon disse que sua relação
com o ministro é "a melhor possível".
"Este
processo é um processo institucional e, como processo institucional, eu não
posso ter mágoas. Não existem mágoas institucionais. Vamos ao final do
julgamento zerar todos os questionamentos de ordem pessoal e vamos todos, as
corregedorias, a corregedoria nacional e as associações de juízes, dar as mãos
para fazermos a Justiça que o Brasil precisa e quer", relatou.
"Estamos bem (ela e Cezar Peluso) porque somos técnicos e magistrados de
carreira e estamos acostumados a esse embate.
Meu relacionamento com o
presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça é o
melhor possível. É uma coisa que faço questão de conservar."
Eliana contou ainda que se emocionasse
a cada voto proferido durante o julgamento que o Supremo realizou ontem e que a
partir de hoje deve conseguir descansar. "Agora vou dormir porque eu não
durmo há três meses."
Sexta – feira 03/02/ 2012 - as 17:45h
Postado pelo Editor
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