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Vinte pessoas já foram presas em ação de repressão aos caça-níqueis; policiais civis, militares e federais, além de um servidor da PRF e um da Justiça são investigados. MP vai analisar se há participação de políticos no grupo
O empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso em uma
operação da Polícia Federal (PF) em sua casa, em Goiânia (GO), nesta
quarta-feira. Ele ficou conhecido em 2004, quando divulgou um vídeo em que
Waldomiro Diniz - ex-assessor de José Dirceu e protagonista do primeiro
escândalo de corrupção do governo Lula - aparece cobrando propina.
A prisão foi feita durante a "Operação Monte Carlo" (uma alusão ao
Principado de Mônaco, onde são encontrados diversos cassinos), que tem o
objetivo de desarticular uma organização que explora máquinas de
caça-níqueis em Goiás. Carlinhos Cachoeira é apontado pela PF com o chefe do
grupo. A ação foi deflagrada em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF)
e com a Receita Federal.
Duas casas de jogo em Goiânia e quatro em Valparaíso (GO) foram fechadas.
Somente uma delas arrecadou 3 milhões de reais em seis meses. Até agora,
vinte pessoas foram presas em Goiás e Brasília. Ao todo, a PF vai cumprir
35 mandados de prisão e 37 de busca e apreensão.
Estão sendo investigados dois delegados da PF, que vazavam informações sobre
a quadrilha; seis delegados da Polícia Civil, que faziam vista grossa para o
funcionamento das casas e recebiam propina mensal de 4 000 reais; três
tenentes, um capitão, um major, dois sargentos, quatro cabos e dezoito soldados
da PM de Goiás (os soldados recebiam propina diária de 200 reais); agentes da
Polícia CIvil, que repassavam componentes de máquinas apreendidas para a
quadrilha; um auxiliar administrativo da Polícia Rodoviária Federal e um
servidor da Justiça estadual de Goiás. Todos serão afastados de suas funções.
Políticos
- A investigação, iniciada há quinze meses, descobriu uma espécie de “franquia”
do crime. Carlinhos Cachoeira, o chefe da quadrilha, concedia a “licença” de
exploração dos pontos de jogos a donos de galpões clandestinos em cidades
goianas. Na divisão de tarefas, cabia a policiais civis e militares o
fechamento de locais que não tivessem autorização do grupo para
funcionar.
A PF identificou contatos do grupo com políticos. Como eles são detentores
de foro priviliegiado, essa parte da investigação foi encaminhada ao Ministério
Público Federal em Goiás, a quem caberá apurar se há participação de políticos
no grupo, se eles cometeram algum crime e se uma denúncia será ou não
apresentada à Justiça. Os nomes dos políticos e seus cargos não foram revelados.
Eles não foram alvos da investigação e contra eles não foram expedidos mandados
de prisão nem de busca e apreensão.
"Há uma possibilidade de contatos políticos. Vamos analisar se isso é
crime ou não", disse o procurador da República, Daniel Salgado.
Crimes -
Os presos, se condenados, poderão responder pelos crimes de corrupção ativa e
passiva, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, evasão de divisas e
violação de sigilo profissional, além da contravenção penal de exploração de
jogo de azar.
Quarta – feira 29/2/2012 ás 22:05h
Postado pelo Editor
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