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Aliando emoção à tradicional dedicação de
seus componentes, a Beija-Flor se credenciou a mais um título do carnaval
carioca com seu desfile nesta madrugada, no sambódromo do Rio.
A escola de
Nilópolis, na Baixada Fluminense, atual campeã, contou a história da capital do
Maranhão, São Luís, que comemora 400 anos. O enredo foi patrocinado pelo
governo do Estado do Maranhão, que pagou cerca de R$ 2 milhões para enaltecer
sua capital. A governadora maranhense, Roseana Sarney, prestigiou o desfile na
Sapucaí.
Para o público, porém, o grande homenageado
do desfile foi Joãozinho Trinta, carnavalesco nascido em São Luís que trabalhou
por 17 anos na Beija-Flor e morreu em 17 de dezembro passado. Vinte e três anos
atrás, sob o comando de Joãosinho no enredo "Ratos e Urubus, larguem minha
fantasia", a escola foi obrigada pela Justiça a cobrir uma réplica do
Cristo Redentor, numa alegoria que ficou famosa pela faixa "mesmo
proibido, rogai por nós".
Hoje, a última das sete alegorias da Beija-Flor
reproduzia o monumento coberto. No início do desfile, a escola finalmente
descobriu a imagem e, em vez do Cristo, foi João que apareceu de braços
abertos, para delírio da plateia. Ao redor da alegoria, havia dezenas de
componentes caracterizados como mendigos, outra marca do enredo de 1989.
"É um prazer e até uma obrigação
homenagearmos Joãozinho", disse o intérprete Neguinho da Beija-Flor. Ao
iniciar o canto, ele não fez a tradicional referência ao "papai",
como se refere ao bicheiro Aniz Abraão David, o Anísio. Presidente de honra da
escola de Nilópolis, Anísio está preso por envolvimento com a exploração de
jogos de azar.
Antes da menção ao carnavalesco, a Beija-Flor
centrou seu desfile em dois aspectos da capital maranhense: a importância dos
negros africanos que, escravizados, representaram a principal mão-de-obra para
a construção de São Luís, e as lendas e crendices famosas na cidade.
O segundo
carro alegórico reproduzia um navio cujo casco era composto por corpos com
expressão de dor, numa referência ao sofrimento dos negros. Já as
"assombrações" de São Luís foram representadas no quinto carro, que
fazia referência às lendas da Manguda, de Ana Jansen e da serpente encantada.
A penúltima alegoria, em que eram
homenageados artistas nascidos em São Luís, como Gonçalves Dias e Ferreira
Gullar, teve dificuldades para ingressar na passarela do samba e provocou a
abertura de espaços entre as alas, o que pode fazer a Beija-Flor perder pontos
nos quesitos harmonia e evolução. Mas o problema não chegou a preocupar o
diretor de carnaval, Laíla, que acompanhou o desfile a partir das primeiras
alas.
"A informação que tenho é que a escola passou muito bem, deu tudo
certo", afirmou. O desfile terminou com 74 minutos, oito antes do limite
de 82.
Segunda – feira 20/2012 ás
7:05
Postado pelo editor
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