Enquanto o
governo luta, sem muito sucesso, para manter prazos de obras do PAC e dos
estádios para a Copa do Mundo, e tribunais de contas atrapalham seus projetos
vasculhando contratos em busca de irregularidades ou superfaturamento, a
socióloga argentina Florência Ferrer se dedica a uma batalha paralela. "É
preciso repensar o modo de controlar e fiscalizar os gastos públicos no
Brasil", diz ela. Especialista em gestão eletrônica e conhecedora dos
sistemas de fiscalização de países europeus, dos Estados Unidos, do Canadá, ela
considera os sistemas brasileiros caros e complicados e acha que poderiam ser
menos custosos e mais eficazes. E antes que alguém estranhe ela esclarece:
"Ninguém está falando em eliminar ou restringir controles. Ao contrário,
trata-se de modernizar, de fortalecê-los, para que funcionem bem".
A consultora é
figura familiar nos encontros nacionais de secretários de Gestão e Planejamento
dos Estados, onde se discutem temas como gestão eletrônica e mais diálogo entre
os Poderes. Na esfera federal, o Ministério do Planejamento criou em março uma
"Agenda Comum de Gestão Pública", em que definiu com os secretários
dez eixos para melhorar esses processos. Ainda assim, Florência Ferrer não
entende que não exista ainda um sistema nacional de indicadores de preços
detalhado, disponível na internet, para definir custos e eliminar
superfaturamentos. Nesta entrevista ao Estado, ela adverte: "Em
muitos casos o acompanhamento dos gastos no Brasil está amarrado a uma lógica
de 40 anos atrás, enquanto os processos de corrupção se modernizam
rapidamente".
GABRIEL MANZANO - O Estado de
S.Paulo
Domingo, 29 de dezembro, 2013.
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