Em
meio à tensa guerra emocional de todos contra todos os poderes, vaza tudo em
Brasília. Renan Calheiros tem uma esperança de não se tornar réu por decisão
tomada pelo Supremo Tribunal Federal, nesta quinta-feira. Alvo de 11 inquéritos
no STF, o poderoso presidente do Senado tem confidenciado a amigos que “espera
que o ministro José Dias Toffoli peça vistas de seu processo, e adie,
novamente, uma decisão sobre o caso”. Renan é um dos muitos beneficiados pelo
absurdo uso indevido do foro privilegiado para parlamentares.
Renan
Calheiros está hoje, frente a frente, com o juiz Sérgio Moro. Mas tudo será
numa boa, a convite do próprio presidente quase-réu do Senado. Moro já
antecipou que apresentará a Renan Calheiros uma sugestão de artigo para ser
incluído no projeto de abuso de autoridade. Para evitar que a divergência entre
decisões de juízes seja criminalizada, o artigo explicitaria: “Não configura
crime previsto nesta lei a mera divergência na interpretação da lei penal e por
si só penal, ou na avaliação de fatos e provas”.
O
Juiz da Lava Jato é contra a impunidade, inclusive de seus pares: “Nenhum juiz
é conivente com a prática do crime. O juiz que comete um crime, seja de
corrupção, de abuso de autoridade, certamente deve ser punido. O problema é
eventualmente, a pretexto de se coibir abuso de juízes venais, promover um
ataque contra a independência do Judiciário.
O
Direito não é matemática. Pessoas razoáveis divergem razoavelmente sobre a
interpretação do Direito, sobre a avaliação de fatos e provas”.
Sérgio
Moro é bem claro em seus argumentos sobre o assunto: “Os juízes já são
responsabilizados na forma da lei penal como qualquer outro agente público. Há
um questionamento que compreendo sobre um juiz punido ficar sujeito apenas à
sanção de aposentadoria compulsória; então vamos debater essa questão. Tem que
se discutir esses assuntos com objetividade, pragmatismo, sem entrar nessas
armadilhas retóricas, utilizadas para caracterizar os juízes como privilegiados
irresponsáveis”.
Os
absurdos parlamentares prosperam e irritam ainda mais a opinião pública. A
desfiguração completa das medidas contra corrupção não foi à toa.
O
Globo informa que o grupo de 28 deputados investigados no Supremo Tribunal
Federal (STF) por suposto envolvimento na Lava-Jato votou em peso contra as
medidas de combate à corrupção. A exclusão da figura do “reportante do bem” —
que previa recompensa para quem denunciar casos de corrupção — contou com os
votos de 24 desses parlamentares.
Vale
repetir por 13 x 13: Domingo, dia 4, o jogo será outro. Quem volta às ruas é o
cidadão em movimento espontâneo de descontentamento contra os políticos, com
pautas bem definidas: o fim do foro privilegiado, a defesa das medidas
Anticorrupção e toda força para a Lava Jato. A crescente pressão popular será
fundamental na luta contra os corruptos sistêmicos e institucionalizados.
Combater
o “Status Quoruptiones” une a maioria dos brasileiros de bem. Por isso, como
bem lembra o sociólogo e político profissional peemedebista, Wellington Moreira
Franco: “Você não pode afrontar a vontade das ruas”...
Condição real para
Intervenção
Do
advogado e sociólogo Sérgio Alves de Oliveira em artigo na edição desta
quinta-feira deste(1º/12) Alerta Total, uma justificativa para aplicação
imediata do artigo 142 da Constituição Federal, dando legitimidade à
Intervenção Constitucional:
“Sem
dúvida o Poder Legislativo está tentando mutilar o Poder Judiciário com as
medidas que estão em curso, sendo requerida imediata intervenção militar para
coibir tais abusos, tudo com a total conivência do Senhor Presidente da
República, Chefe do Poder Executivo.
Ora,
por expressa disposição constitucional, o Poder Judiciário tem poder para tomar
a iniciativa da intervenção, acionando as FFAA, para defesa da LEI e da ORDEM,
ao mesmo tempo em que as próprias Forças Armadas podem fazer o mesmo, tendo
plena autonomia para intervir na DEFESA DA PÁTRIA e GARANTIA DOS PODERES
CONSTITUCIONAIS”.
“Notas
políticas do jornalista Jorge Serrão”
Quinta-feira,
01 de dezembro de 2016
JANOT: MANOBRA DE RENAN FOI
'INACREDITÁVEL' E VOTAÇÃO NA CÂMARA, 'MASSACRE'
O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse que é “inacreditável” a
tentativa do presidente do Senado, Renan Calheiros, de colocar em votação ainda
na noite da quarta-feira, 30, o pacote de medidas originalmente contra a
corrupção aprovado na Câmara dos Deputados.
“Me
recuso a acreditar que tenha havido uma manobra para, abusando do cargo que
exerce, conseguir algum retorno para si próprio”, disse Janot, em entrevista.
O
procurador-geral disse ainda que “as 10 medidas contra a corrupção morreram e,
ao invés delas, o que veio foi um instrumento de pressão sobre o Ministério
Público e a magistratura”. “O que houve foi um massacre”, ressaltou.
Após
a destruição do pacote anticorrupção enviado pelo Ministério Público ao
Congresso Nacional, os procuradores que integram a força-tarefa da Lava Jato
ameaçaram renunciar caso o projeto passe no Senado da forma como está e venha a
ser sancionado pelo presidente da República, Michel Temer. Para Janot, essa
reação foi tomada "no calor da notícia".
Janot
disse ainda que é um "otimista incorrigível" e que confia na
possibilidade de reverter a situação. "O caminho é longo", disse.
Segundo ele, depois da votação no Senado ainda há a chance de veto presidencial
e, depois, a possibilidade de questionar o texto no STF. Confira os principais
trechos da entrevista ao jornal Estado de São Paulo:
Como
avaliou a tentativa do presidente do Senado, Renan Calheiros, de votar o
projeto anticorrupção ainda ontem, no mesmo dia em que o texto alterado passou
na Câmara?
Rodrigo Janot -
Achei inacreditável. Eu não quero crer que, a escopo de aprovar uma lei
de abuso de autoridade, um presidente de Poder possa ter abusado do poder para
atingir interesses que não sei quais são. Continuo confiando nas instituições
do Brasil, no Senado da República, muito atento aos anseios da sociedade. Me
recuso a acreditar que tenha havido uma manobra para, abusando do cargo que
exerce, conseguir algum retorno para si próprio.
Qual retorno sugere que
Renan conseguiria para ele mesmo?
Não
sei. Me recuso a acreditar que tenha sido uma retaliação pelo fato de uma
denúncia oferecida contra ele estar sendo julgada exatamente hoje pelo Supremo
Tribunal Federal. Me nego a acreditar nisso.
O
sr. diz que confia no Senado. Mas também falou que confiava na Câmara e veio
essa mudança na votação do pacote. O que vai fazer para evitar uma nova
surpresa negativa, agora no Senado?
Sempre
nos dispomos a dialogar, a conversar. Trouxemos ao conhecimento da Câmara, da
comissão que estudou essas 10 medidas todo o normativo internacional que dá
suporte às medidas. Nessas 10 medidas não estamos inventando nada, nada, nada.
Essas medidas têm suporte na Convenção de Mérida, na Convenção, na Convenção de
Palermo.
Restou algo original das
10 medidas defendidas pelo Ministério Público?
O
que a Câmara fez foi absolutamente dizimar as 10 medidas. Não existem mais,
acabou tudo. O que houve foi um
massacre. Houve a recusa pela recusa. Todas as medidas foram rechaçadas. Essas
medidas não se destinavam exclusivamente à investigação e combate à corrupção,
mas à investigação do crime organizado, de terrorismo. Eram instrumentos penais
importantes para atuação do MP também em corrupção, mas não só. Eu fico
estarrecido quando a Câmara não tem a sensibilidade de entender o que o povo
quer. Foram 2,4 milhões assinaturas e milhões de manifestações de pessoas
aprovando essas medidas. Sempre disse: essas medidas não são ponto de chegada,
são ponto de partida. Se existem dúvidas, vamos aperfeiçoar. Agora, não vamos
aniquilar. O que houve foi o não pelo não. As 10 medidas contra a corrupção
morreram e, ao invés dela, o que veio foi um instrumento de pressão sobre o MP
e magistratura.
O que incomoda o MP e o
Judiciário na instituição do abuso de autoridade?
Óbvio
que todos querem uma lei de abuso de autoridade. Queremos uma lei moderna,
eficiente, que atenda o contexto da sociedade atual. Mas sem essa correria. Uma
lei que tipifica crime de hermenêutica nem no nazismo e no fascismo era
admitida. Fiquei estupefato com essa insensibilidade da Câmara. A Câmara é Casa
do povo, tem que ter ouvidos para o povo.
O senhor confia em um
eventual veto do presidente da República no caso de o texto ser aprovado no
Senado da forma como veio da Câmara?
Cada
dia com sua agonia. Eu confio no Senado brasileiro. Tanto é que por larga
maioria a urgência não foi aprovada. É um sinal claro que o Senado quer
diálogo. O Senado é uma instituição que pensa na República. Quando por larga
margem foi recusada a urgência o recado claro que o Senado passa é que esse
assunto é grave demais para ser aprovado na calada da noite, num subterrâneo
sem luz do sol. Cada dia com sua agonia. Nunca nos recusamos a dialogar.
A
força-tarefa divulgou que poderia renunciar ao trabalho na Lava Jato se esse
projeto fosse aprovado. O senhor divulgou uma nota em sentido oposto, falando
que o MP deve continuar combativo. Já conversou com eles sobre o posicionamento
e a possível renúncia?
Não
sei em que circunstâncias eles fizeram essa declaração, mas meu entendimento é
que esse não é momento de recuo, é momento pra avançar. Estamos fazendo um
trabalho profissional, objetivo e sem medo e isso deve continuar dessa maneira.
Nosso trabalho é apartidário, não tem ideologia e assim deve continuar. A
sociedade brasileira espera de nós não um recuo, mas sim que continuemos
caminhando. Não posso dizer a razão pela qual decidiram fazer essa declaração.
Pode ser até no calor da notícia, porque uma notícia dessas é de estarrecer
qualquer um. Todo mundo agora de cabeça fria, vamos respirar fundo, meditar e
dizer: essa é uma luta longa, que continua agora com sinal claro do Senado que
quer conversar sobre toda essa questão. Depois do Senado, tem o veto da
presidência da República e depois tem o Supremo Tribunal Federal. O caminho é
longo. Confio que poderemos reverter isso e vamos continuar a rediscutir todas
essas questões.
O senhor está na China
para uma reunião dos Brics. Falaram sobre combate à corrupção?
Por
proposta da China, os países dos Brics deverão centrar esforços para investigar
casos de corrupção, com o fundamento que Brasil dá exemplo de que é possível
desvendar casos de corrupção e prosseguir nesses casos independentemente de
quem sejam os investigados. Eles falaram sobre as dez medidas. Imagina quando
ficarem sabendo o que o Congresso brasileiro fez ontem e anteontem? É muita
vergonha.
Quinta-feira,
01 de dezembro de 2016
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