Entidades temem que respaldo da
presidente leve à perda de apoio da sociedade
Na
corrida contra o tempo para coletar 1,5 milhão de assinaturas, com o objetivo
de tornar viável uma reforma política que valha para as eleições de 2014, o
MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral) teme que o respaldo do
Palácio do Planalto carimbe a proposta como "chapa branca", antes
mesmo de a oposição ser convencida sobre as virtudes da iniciativa. O objetivo
dos organizadores é fazer com que o projeto popular siga autônomo e ganhe apoio
da sociedade.
Ciente
das dificuldades políticas para aprovar um plebiscito no Congresso e das
resistência dos partidos, inclusive os da base aliada, para agilizar uma
reforma política que tenha validade para a próxima eleição, a presidente Dilma
Rousseff afirmou a auxiliares, conforme antecipou o Estado em sua edição do
último dia 5, que poderá declarar apoio ao projeto de iniciativa popular.
Entre
as principais mudanças defendidas pelo movimento intitulado "Eleições
Limpas" estão o sistema de voto em dois turnos nas eleições proporcionais
(com votação primeiro nos partidos e depois nos candidatos), proibição da
doação de empresas a campanhas (cada eleitor poderá doar até R$ 700),
criminalização do caixa dois (com pena de reclusão de dois a cinco anos) e a
escolha dos candidatos de cada partido por meio de prévias fiscalizadas pelo
Ministério Público e Justiça Eleitoral.
Caso
o modelo já tivesse sido adotado nas últimas eleições municipais, estimam os
organizadores, o número de candidatos despencaria 73,5%.
O
presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Marcus Vinícius Furtado
aposta no trâmite do projeto no Congresso em agosto, antes mesmo da conclusão
da coleta de assinaturas.
—
Não queremos que a proposta seja vinculada ao governo ou à oposição, queremos
deixar clara a qualidade da nossa proposta para a vida política brasileira.
Para
o juiz Márlon Reis (foto), do MCCE, e presidente da Associação Brasileira dos
Magistrados e Promotores Eleitorais, uma aproximação partidária ou com o
governo nesse momento poderia inviabilizar a proposta.
—
Não interessa para o movimento que ele seja adotado pela presidente Dilma. Isso
seria ruim porque queremos justamente evitar a partidarização. Não seria justo
(que o projeto) recebesse qualquer tipo de vinculação. O que queremos e
precisamos do apoio de todas as forças políticas na hora da aprovação (no
Congresso).
Encabeçado
pela OAB, o MCCE é composto por 55 entidades dos mais diversos segmentos
sociais, como Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal e UNE (União
Nacional dos Estudantes), além de lideranças evangélicas e do movimento de gays
e lésbicas (movimento LGBT).
Para
Márlon Reis, a população de imediato rejeitaria uma proposta gestada por
partidos. Ele conta que, ao coletar assinaturas, basta dizer que o movimento
que fez o Ficha Limpa quer fazer uma reforma política para que as pessoas se
interessem pelo tema e colaborem.
Sábado 27 de julho
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