Adelmir Bendine (esq.), aniversariante, foi brindado com uma reportagem da revista Época que o coloca em apuros e prevê sua substituição por Paulo Caffarelli (dir.), interlocutor de Marina Mantega, filha do ministro da Fazenda, no governo
Se o fogo
amigo foi planejado, a execução se deu com requinte de crueldade. Neste sábado,
10 de dezembro, Adelmir Bendine, presidente do Banco do Brasil, faz
aniversário. Dida, como ele é chamado pelos amigos, pretendia comemorar a data
em família, sem maiores preocupações. Ex-office-boy, ele dedicou mais de três
décadas ao Banco do Brasil até chegar à presidência. Na sua gestão, com uma
política agressiva de concessão de créditos, o BB voltou a ser o maior banco do
País, retomando uma posição que havia sido perdida para o Itaú Unibanco. Neste
sábado, no entanto, Bendine entrou na linha de tiro. Uma reportagem da revista Época
(leia mais aqui),
revela que ele está na mira de Nelson Barbosa, secretário-executivo do
Ministério da Fazenda, em razão da compra do Banco Postal por R$ 2,3 bilhões.
De acordo
com a reportagem, o erro de Bendine teria sido fechar a compra do Banco Postal
sem uma “fairness opinion”, documento que atesta se o valor da aquisição seria
justo ou não. Também de acordo com a reportagem, o Bradesco, que detinha a
concessão para operar o Banco Postal nos mais de 6 mil pontos dos Correios,
teria considerado o preço pago pelo Banco do Brasil “irracional”. Só que há um
detalhe: o Bradesco ofereceu R$ 2,25 bilhões, apenas R$ 50 milhões a menos do
que o Banco do Brasil – uma diferença de apenas 2,2%.
Na
reportagem, há também uma declaração em “on”, do vice-presidente da Caixa
Econômica Federal, José Henrique da Cruz. “Achávamos que venceríamos com R$ 1,8
bilhão”, diz ele. É a típica declaração aparentemente “neutra”, mas calculada
para colocar em maus lençóis o presidente do BB. Ela só não funciona porque a
Caixa tem muito mais a explicar com a compra do Panamericano do que o BB com a
aquisição do Banco Postal.
Guerra
interna
No fim da
reportagem, depois da lembrança de que Bendine adquiriu um apartamento no
interior de São Paulo pagando em dinheiro vivo, comenta-se que ele poderá ser
substituído pelo vice-presidente Paulo Caffarelli. Mais fogo amigo no governo
Dilma?
No início de
2011, vários blogs plantaram notas de que Caffarelli substituiria Bendine ainda
no primeiro ano de governo. De todos os executivos do Banco do Brasil, é o mais
próximo ao ministro da Fazenda Guido Mantega, a quem Nelson Barbosa é
subordinado.
Caffarelli
chegou até a ser alvo de um dossiê elaborado por petistas ligados ao sindicato
dos Bancários, da ala de Ricardo Berzoini e Sérgio Rosa, sobre suas estranhas
ligações com a filha de Mantega, a ex-modelo e ex-atriz Marina Mantega.
Caffarelli seria a pessoa encarregada de encaminhar os pedidos de Marina dentro
do Banco do Brasil.
Naquele
episódio, Bendine deu apoio total a Cafarelli e todos os executivos ligados a
Berzoini foram demitidos do BB. Resta ver se, agora, a recíproca será
verdadeira.
Postada pelo
Editor
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