Atribui-se a Martin Luther King uma frase de valor
inquestionável: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio
dos bons”. É exata! É sob o silêncio cúmplice dos decentes que alguns dos
maiores crimes acabam sendo perpetrados. Um texto do pastor Niemöller, que
cometeu o equívoco de ser simpatizante do nazismo no começo do movimento — e
veio a se tornar seu adversário radical, tanto que foi parar num campo de
concentração —, expressa esse mesmo valor. É muito citado, mas, com certa
freqüência, atribui-se a autoria a Maiakovski ou a Brecht.
“Um dia, vieram e levaram meu vizinho, que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho, que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia, vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram. Já não havia mais ninguém para reclamar.”
Quando os bons se calam, os maus triunfam. Está em
curso, vocês já devem ter reparado, uma operação coordenada para destruir a
imagem de José Serra. Admire-se ou não o político — sim, estou entre os
admiradores e jamais omiti isso —, o fato é que se trata de um dos homens
públicos mais preparados do Brasil. Buscam atingi-lo em sua honra pessoal — e a
campanha eleitoral demonstrou até que ponto eles podem chegar — e política. Os
movimentos podem até ser distintos, mas se conjugam.
Há os que se espojam na lama dos chiqueiros, e, sobre
estes, não há o que dizer, entendo, a não ser acionar a Justiça. Não tentem
citar o nome dessa canalha aqui. Não há diálogo com porcos. Mas há
profissionais cuja trajetória é respeitada por seus pares ao menos — não
expresso o meu ponto de vista pessoal — e que podem igualmente perniciosos. A
questão é saber com que propósito.
Na Folha de hoje, lê-se o seguinte:
A biografia autorizada da presidente Dilma Rousseff vincula a campanha do ex-adversário José Serra (PSDB) ao envio de e-mails apócrifos com ataques à petista na reta final das eleições de 2010. “A Vida Quer É Coragem”, que chega às livrarias dia 15, liga a artilharia anônima contra a petista aos serviços de Ravi Singh, o “guru indiano” contratado pelo PSDB. Segundo o livro, ele usou o site de Serra para montar um “gigantesco banco de e-mails”, que estaria por trás das mensagens ligando Dilma à defesa do aborto e a ações armadas na ditadura. “Foi pela rede de computadores que os adversários disseminaram os ataques mais baixos e os boatos mais incríveis a respeito de Dilma”, afirma a biografia. “A ferramenta mais primitiva da internet foi a que melhor serviu para disseminar o que havia de mais atrasado politicamente na campanha.” A obra registra que o tucano também recebeu ataques anônimos, mas sustenta que Dilma foi mais prejudicada.
“Blog do Reinaldo
Azevedo”
Segunda-
feira. 12/12/2011 ás 18:30h
Postado pelo
Editor
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