Os
desmandos expostos diariamente na mídia causam imenso prejuízo à nação. Além do
dano econômico, resultam em consequências piores, de ordem imaterial. Geram
dor, revolta e desesperança. A insegurança acarreta o medo e, com ele, a
descrença nas instituições.
Notícias
recentes revelaram a onda de protestos que tomaram as ruas brasileiras.
Depredações, pichações, destruição do patrimônio público e privado, incêndios,
confrontos, morte. Não faltam motivos para o descontentamento que se percebe. A
população tem muito a reivindicar aos poderes públicos, mas assombra-me a opção
pela violência. Nosso país enfrenta grave crise, cuja origem está na falta de
educação e de valores éticos.
A
repetição do comportamento desprezível torna a vítima algoz da comunidade e
nivela por baixo os cidadãos. Pretender fazer justiça com as próprias mãos
inviabiliza a vida em sociedade e transforma-nos todos em reféns uns dos
outros.
Urge
o aparecimento de novas lideranças forjadas sobre sólida base ética, focadas no
futuro, dispostas a dar o melhor de si em prol do outro, na busca da construção
de uma realidade inclusiva, na qual prevaleça o bem-estar coletivo. Deve-se
abandonar a noção individual de sucesso, a fim de entender que a ausência de
paz social impede-nos de usufruir até mesmo daquilo que se conquistou com tanto
esforço. Há de se ter em mente que a vitória pessoal será sempre pequena quando
for dissociada do contexto em que se vive, quando não se reverter em proveito
alheio, quando estiver limitada ao ganho financeiro ou à obtenção do cargo
público para dele se servir.
Que
cada qual busque fazer o bem, utilizando a favor da coletividade os talentos
recebidos do alto, compartilhando com o semelhante o conhecimento acumulado e
os benefícios auferidos, como maneira generosa de manifestar gratidão pelas
oportunidades tidas.
A
sociedade paga o preço das escolhas que faz. Descabe insistir na infantil ideia
de que as riquezas nacionais são do povo, mas os problemas pertencem apenas aos
detentores do poder. É preciso socializar a responsabilidade pela mudança do
que não deu certo. Afinal, o patrimônio inclui os bens e também as dívidas!
Cumpre vencer a inércia e assumir a parte que incumbe a cada um. A modificação
necessária é a interna, reveladora do engajamento nas causas essenciais ao
desenvolvimento, à redução das disparidades econômicas e ao fortalecimento da
democracia. E a tanto não se chega quando a visão é míope, de pouco alcance.
Não
se deixem enganar. Atalhos que levem ao despenhadeiro moral devem ser evitados.
As soluções suficientes a alterar a quadra vivida estarão no curso do caminho
estreito e sinuoso da virtude.
O
ano é de eleições. Substituo a frase tão usada nas redes sociais - em vez de
"vem pra rua", "vem pra urna". A sociedade não é vítima. É
sim autora considerados os políticos que se valem do cargo eletivo não para
servir ao outro, mas para locupletarem-se.
Alfim,
quem os escolheu?
Por:
Marco Aurélio Melo.
Segunda-feira,
10 de março, 2014.
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