Alugado por R$ 135.000 mensais, o local passará por reforma. Locatário já
recebeu do governo 18,3 milhões de reais em contratos
O
novo centro de controle de onde sairão as principais ordens para a campanha que
busca a reeleição da presidente Dilma Rousseff funcionará em dois pavimentos de
2.400 metros quadrados de um edifício na área central de Brasília, com subsolo
de mais 200 metros quadrados capaz de abrigar onze veículos ou servir de
escritório. O PT, partido de Dilma, escolheu para 'QG eleitoral' um imóvel
pertencente a uma empresa que tem contratos com órgãos do governo. Desde a
posse da presidente, essa empresa já recebeu 18,3 milhões de reais em
contratos. O QG petista será no edifício Embassy Tower, do Grupo Sarkis (SKS),
que controla uma rede de empresas do setor imobiliário.
Desde
2011, o Ministério da Cultura pagou ao SKS 13,5 milhões de reais, referentes ao
aluguel de espaços na capital federal. O Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais (Inep), vinculado ao Ministério da Educação, repassou
4,8 milhões de reais, também pela locação de salas do mesmo grupo.
Os
dois órgãos são comandados pelo PT desde o início do governo Dilma. Os
contratos foram firmados sem licitação, de acordo com nota de empenho
registrado no Portal da Transparência. Antes de receber o comitê de reeleição,
o PT pretende fazer uma reforma. "O novo inquilino vai reformar ele todo
para a gente; vai entregar outro imóvel", afirma um administrador do grupo
responsável pela negociação.
Por
enquanto, a pré-campanha de Dilma funciona em São Paulo no escritório do
marqueteiro João Santana, que está focado na disputa presidencial. Já está
definido que o deputado estadual Edinho Silva (SP) será o tesoureiro do comitê.
No
Embassy Tower vão trabalhar as principais equipes de apoio à pré-campanha e à
disputa eleitoral, que começa oficialmente em julho. O local não deve ser o
único QG da campanha de Dilma, que será concentrada em Brasília. Um integrante
do comando da candidatura diz que outros imóveis podem ser alugados.
Pesquisa de preço - O grupo SKS confirma que alugou o
espaço para o PT e que mantém contratos com o governo. O partido deve pagar
135.000 reais mensais pelos dois andares do prédio. O contrato, já em vigor,
tem nove meses de duração e poderá ser prorrogado.
"Pertence
ao nosso grupo. Não tem superfaturamento, nada disso. Antes de fechar, o
partido fez uma pesquisa de preços e o nosso foi o mais baixo", disse
Thiago Sarkis, um dos representantes do SKS. Além do setor imobiliário, o SKS
atua na construção civil, produção de cimento, concreto, aço, mineração e
hotelaria. Outras empresas do grupo também têm negócios com o governo federal.
Procurada,
a assessoria de imprensa do PT não respondeu os questionamentos sobre o
contrato. O PT costuma afirmar, quando questionado sobre despesas com
fornecedores, que suas despesas são registradas no Tribunal Superior Eleitoral.
Em
2010, o comitê de Dilma usava duas casas no Lago Sul, área nobre de Brasília.
Uma era parcialmente mantida pelo empresário Benedito de Oliveira, que também
mantinha contratos com o governo na época.
(Com Estadão Conteúdo)
Terça-feira, 11 de março, 2014.
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