A discriminação racial assume
muitas faces, mas três delas se destacam. Há o ódio desinformado, raivoso,
agressivo. O sujeito não gosta do “outro” porque “diferente”, o que, para ele,
significa inferior.
Há a discriminação caridosa, batizada de
“racismo cordial”. Olha-se esse “outro” como um destituído de certas
qualidades, mas sem lhe atribuir culpa por essa falta; o “diferente” merece
respeito e, se preciso, tutela.
Uma vertente da cordialidade é
ver a “comunidade” dos desiguais (iguais entre si) como variante antropológica.
Com sorte, seus representantes acabam no “Esquenta”, da Regina Casé, tocando
algum instrumento de percussão -nunca de cordas!- ou massacrando a rima num rap
de protesto.
E há uma terceira manifestação, especialmente
perversa, que chamo de “racismo de segundo grau”. Opera com mecanismos mais
complexos e só pode ser exercida por mentalidades ditas progressistas. É
justamente essa a turma que tenta mandar o negro Joaquim Barbosa, ministro do
STF, para o tronco.
(…)
Não entro, não agora, no mérito dos votos do ministro no caso do mensalão. Fato: não tomou nenhuma decisão discricionária -até porque, na corte, a discricionariedade, quando existe, atende pelo nome de “prerrogativa”.
Que a sua reputação esteja sob ataque, não a
de Ricardo Lewandowski, eis a evidência da capacidade que a máquina petista tem
de moer pessoas. Por que Lewandowski? O homem inocentou José Dirceu, Delúbio
Soares e José Genoino até do crime de corrupção ativa, mas foi duro com Kátia
Rabello e José Roberto Salgado, do Banco Rural.
Para esse gigante da coerência,
os crimes da “Ação Penal 470″ (como ele gosta de chamar) poderiam ter sido
cometidos sem a participação da trinca petista.
É grotesco!
(…)
Íntegra aqui
Reinaldo Azevedo- Estadão
Sexta-feira, 07 de fevereiro, 2014.
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