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23 de outubro de 2013

IMPRENSA PRESSIONADA



É sombrio o cenário traçado pela 69.ª Assembleia-Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP). Os dirigentes da entidade, que reúne as grandes empresas jornalísticas das Américas, destacaram que a liberdade de imprensa na América Latina experimentou, no último semestre, um período particularmente grave de violência e pressão. O presidente da SIP, Jaime Mantilla, resumiu o problema ao dizer que "os governos latino-americanos têm se dedicado a semear o ódio e o medo", enfatizando os casos de Argentina, Equador, Venezuela e Cuba.

Nesses países, como se sabe, os dirigentes não medem esforços para silenciar a imprensa que lhes é crítica. Mas, com exceção de Cuba, onde vigora uma ditadura de fato e a censura é explícita, há um esforço para dissimular essa perseguição, por meio de leis cujos alegados objetivos são, entre outros, "democratizar a mídia", "proteger contra o linchamento midiático" e evitar "atividade inimiga interna e externa".

Trata-se do Centro Estratégico de Segurança e Proteção da Pátria. Por meio dessa nova instituição, o governo pode "declarar como reservada, classificada ou de divulgação limitada qualquer informação, fato ou circunstância" que a entidade julgar de seu interesse.

Segundo a SIP, essas iniciativas indicam uma tentativa de transformar a atividade jornalística em "serviço de utilidade pública", para colocá-la sob a tutela do Estado. Um exemplo é a Argentina, cujo governo quer controlar a fabricação e a venda de papel para jornal, a fim de submeter as empresas jornalísticas a suas exigências. A presidente Cristina Kirchner chegou a dizer que a imprensa argentina deveria "adquirir consciência nacional e defender os interesses do país". 

É esse tipo de raciocínio que preside a campanha que o PT faz para "democratizar" a mídia. Na última vez em que se pronunciou oficialmente sobre o assunto, o partido declarou que o "oligopólio" que controla a mídia no Brasil "é um dos mais fortes obstáculos, nos dias de hoje, à transformação da realidade do nosso país". A ideia petista, está claro, é fazer da imprensa mera correia de transmissão em seu projeto de poder.
A esse propósito, convém prestar atenção no alerta do presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa da SIP, Claudio Polillo. Para ele, as recentes tentativas de manietar a imprensa fazem parte de "um plano de demolição das democracias para sustentar líderes messiânicos que querem se perpetuar no poder".

O Estado de S.Paulo

Quarta-feira 23 de outubro 2013

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