Justiça quebra o sigilo de contas e a polícia
pede ajuda internacional para rastrear doação clandestina ao PT na campanha de
2002. O ex-presidente Lula será intimado a depor
Em
setembro do ano passado, o empresário Marcos Valério, o operador do mensalão,
apresentou-se voluntariamente à Procuradoria-Geral da República em Brasília e
prestou um longo depoimento em que formalizava algumas revelações acachapantes
sobre o maior escândalo de corrupção da história do país. O julgamento do
processo contra os mensaleiros, entre eles o próprio Valério, estava em pleno
curso no Supremo Tribunal Federal (STF). O empresário queria proteção e um
acordo de delação premiada. Entre as novidades, Valério contou que o
ex-presidente Lula não só tinha conhecimento do mensalão como avalizou as
operações financeiras clandestinas. Disse ainda que o dinheiro usado para
subornar parlamentares também pagou despesas pessoais de Lula, inclusive quando
ele já ocupava a cadeira de presidente da República. O depoimento deu origem a
várias investigações. Uma delas, envolvendo uma suposta doação ilegal de
dinheiro ao PT, agora vai ganhar reforço internacional.
A
Polícia Federal pediu ajuda para rastrear a movimentação de contas bancárias no
exterior que, segundo o publicitário Marcos Valério, foram utilizadas pelo PT
para receber doações ilegais que bancaram despesas da campanha presidencial de
2002. Em seu depoimento, o operador do mensalão forneceu aos procuradores os
números de três contas usadas para receber 7 milhões de dólares da Portugal
Telecom, gigante do setor de telefonia que tinha negócios no Brasil e interesse
em se aproximar do governo recém-empossado. Valério disse que a doação foi
acertada por Lula, José Dirceu e o ex-ministro Antonio Palocci, e que ele
cuidou pessoalmente da operação em Lisboa. Para despistar eventuais curiosos,
os depósitos teriam sido feitos por fornecedores da Portugal Telecom em Macau,
um pedaço minúsculo de terra no sul da China colonizado pelos portugueses onde
a influência de Lisboa se faz presente até hoje.
Por: Rodrigo Rangel
e Hugo Marques- Revista Veja
Domingo 13 de
outubro 2013
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