O presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, fez críticas ao
sistema político brasileiro e defendeu uma reforma política, durante a
Conferência Global de Jornalismo Investigativo, segunda-feira (14/10), no
Rio de Janeiro.
"Voto
obrigatório, impossibilidade de candidaturas avulsas, excesso assombroso no
número de partidos políticos; mercantilização de partidos políticos,
coronelismo e mandonismo na estrutura interna de certos partidos políticos e
atomização do voto nas eleições proporcionais. Eis aí um pequeno catálogo dos
problemas do sistema político brasileiro", disse ele.
O ministro deu
suas opiniões durante um painel do evento do qual participou na Pontifícia
Universidade Católica (PUC), na zona sul da cidade. Para ele, "o povo tem
sido sistematicamente ignorado e colocado de lado nas decisões políticas",
comentou.
O ministro
criticou a lentidão do Judiciário e disse que existe um "bacharelado
decadente", com cultura jurídica complacente com a impunidade, que
privilegia o academicismo estéril, desconectado da realidade. Segundo Barbosa,
a existência de apenas três grandes jornais no país não permite pluralismo na
mídia brasileira.
"As
manifestações culturais, os falares de algumas regiões do país não estão
presentes na mídia", ponderou ele. "Embora negros e mulatos respondam
por cerca de 50% da população, são muito raros nas redações, nas salas de
imprensa, no noticiário da TV e em postos de liderança no jornalismo",
comentou ele, ao argumentar que por isso, esse segmento social se vê excluído
das notícias.
Ao ser
perguntado se tinha simpatia por algum pré-candidato a presidente, Barbosa
respondeu que "o quadro político brasileiro não me agrada nem um
pouco", e garantiu que não seguirá carreira política enquanto estiver no
STF. Entretanto, aos 59 anos, declarou não pretender ser ministro da Corte até
os 70 anos, idade limite para a permanência no STF.
"Não tenho,
no momento, nenhuma intenção de me lançar candidato a presidente da República.
Em 2018 estarei em alguma praia", brincou ao responder se pensava em se
candidatar a presidente neste ano.
Flávia Villela Agência Brasil
Segunda-feira 14 de outubro 2013
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