A
constitucionalidade da aplicação do exame da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) para o ingresso na carreira deve ser decidida em breve pelo Supremo
Tribunal Federal (STF), mas enquanto o assunto não chega a plenário,
especialistas alertam que o cancelamento da avaliação poderia causar grandes
prejuízos à sociedade. De acordo com os profissionais, a ausência do exame
tiraria a confiança mínima na qualidade dos advogados que estão no mercado.
Professor
de direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), João
Paulo Pessoa acredita que o exame de avaliação de cursos superiores promovido
pelo Ministério da Educação não é suficiente para garantir a qualidade dos
alunos egressos. “Ainda que exista o Enade [Exame Nacional do Desempenho de
Estudantes], o conteúdo da prova é diferente da realidade do exercício do
direito. É um conteúdo mais genérico, filosófico, teórico. Além do que, o Enade
avalia a universidade e a OAB, o bacharel”.
O
advogado Maurício Gieseler, editor do blog Exame de Ordem, disse que não
vê solução para a baixa qualidade técnica dos bacharéis que prestam o exame, mas
acredita que a ausência da prova pioraria a situação. “O exame de Ordem é uma
solução legislativa para um problema sistêmico de excesso de vagas que foram
criadas nas universidades, mas sem a devida preparação no ensino fundamental”.
Para o profissional, as “pérolas” (erros) do exame e a enxurrada de reprovações
são resultados dessa distorção.
Gieseler
também ressalta o fato de a maioria das faculdades tratarem os alunos como
clientes e não se preocuparem com a qualidade da formação. “Pelo contrário, fazem
o máximo para evitar a evasão. O governo não fiscaliza e ainda lançou um plano
de expansão do ensino superior. Essas pessoas que já não foram preparadas no
ensino fundamental não saberão o que fazer com o diploma em um mercado já
saturado e com baixos salários. A falta do exame iria implodir a advocacia
brasileira”.
A
coordenadora da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília, Ana Frazão,
acha que é temerário deixar a cargo do mercado a regulação da oferta de mão de
obra em uma profissão que mexe tão profundamente com a vida das pessoas. “O
exame é fundamental para que mesmo a pessoa de baixa renda saiba que vai
contratar um profissional que passou por um teste de qualidade e tem os
requisitos mínimos para lutar por seus direitos”.
Para o
vice-presidente da Comissão Nacional do Exame de Ordem, Luís Cládio Chaves, é
inquestionável que o exame melhorou o nível dos alunos e das instituições de
ensino nos últimos anos. “Se não tivesse o exame de Ordem teríamos coisas muito
piores que essas pérolas, porque ninguém correria atrás do mínimo de qualidade.
Advogados despreparados teriam que lidar com juízes, advogados da União e
membros do Ministério Público com um nível muito maior, pois passaram por
exames, e seria vexatório”.
Agência
Brasil
Sábado, 29/07/2011 – 06h:05
Postado pelo Editor
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