Desfiles
cívicos ganham novas cores. Protestos agendados para hoje representam anseio
social por melhorias
Imagine um desfile cívico em comemoração à
Independência do Brasil onde nas ruas não haverá apenas soldados e estudantes
uniformizados marchando ao som de bandas institucionais, mas também vários
grupos clamando pelo fim dos problemas que afligem a sociedade. As
manifestações sociais que tomaram as ruas do Brasil em julho prometem ganhar
novo fôlego hoje e mudar o cenário visualizado nesta data, carregada de
simbolismos. Pelas redes sociais, sobretudo Facebook, pipocam convites para
protestos nas principais capitais brasileiras. Goiânia não fica de fora.
Especialistas e estudantes acreditam que este será um 7 de Setembro diferente,
com a presença de manifestantes ainda mais politizados e analíticos nas ruas.
Em um dos eventos que se autodenomina como ‘maior
protesto da história do Brasil’, pelo menos 3.104 goianienses confirmaram
presença na rede social. Mas há outras seis manifestações, cada uma como uma
bandeira diferente. Para o sociólogo, historiador e especialista em movimentos
sociais Otávio Luiz Machado, o que não falta são pautas para manifestações. Ele
acredita que a reivindicação por qualidade nos serviços públicos, maior
envolvimento da população nas políticas públicas e a interferência dos Estados
Unidos da América (EUA) com ações de espionagem no Brasil serão os principais
focos das marchas.
Para Machado, o momento de celebrar a
independência do País deve casar com um discurso ainda mais politizado. “Pode
surgir daí uma nova agenda de protestos, pois essa data também impulsiona o
sentimento de brasilidade. O 7 de Setembro desperta um sentimento patriótico
que gera uma maior preocupação com o País, ou seja, uma reflexão coletiva. O
Brasil é subjugado, mesmo com toda essa potencialidade”, acredita.
O especialista demonstra ser favorável aos
movimentos, afirmando que a população, durante os protestos, consegue sair da
alienação cotidiana. “Os movimentos são importantíssimos porque divulgam
informações que não são exploradas comumente e discutem problemas seculares que
ainda não foram solucionados”, pondera.
Ele ainda completou afirmando que a sociedade e
os movimentos vão se calibrando à medida do desenrolar dos acontecimentos. “A
população vive um cansaço permanente em relação ao futuro e destino do País,
principalmente em questões que envolvem a corrupção. A relação passado e
presente, inspirada pelo 7 de Setembro, é uma chave de leitura que gera maior
ação do cidadão.”
No entanto, a única certeza que o também
sociólogo Nildo Viana tem é de que este não será um 7 de Setembro como dos
últimos anos. “Na verdade, é difícil fazer uma previsão, mas a tendência é que
não aconteça o que já foi registrado em julho, com as grandes manifestações, já
que estamos em um período de refluxo das mobilizações sociais.” Ele acredita
que houve uma dispersão de grande parte das pessoas que participaram dos
primeiros protestos. “Vamos ver vários grupos, porém separados e com bandeiras
diferentes.”
Ele também associa a política repressiva adotada
pelas forças policiais nos últimos protestos com um dos fatores distanciadores
da grande massa. “A política repressiva implementada assustou alguns setores,
mas no geral uma parte está atenta e outra parte não se preocupa com isso e
mantêm seu ativismo”, avalia.
Seis protestos e mais de mil policiais
nas ruas
Em Goiânia, pelo menos 1,6 mil policiais devem
garantir a segurança nas ruas durante o desfile na data em que se comemora a
independência do Brasil. Como noticiou O HOJE, a possibilidade de protestos populares
gerou o recuo dos tradicionais desfiles de instituições de ensino. A Polícia
Militar (PM) também chegou a anunciar que não iria participar da apresentação,
mas voltou atrás e confirmou presença no evento. A polícia está orientada a
abordar quem estiver de rosto tapado, sob o argumento de que a Constituição
veda o anonimato. São esperados também muitos policiais infiltrados.
Nas redes sociais, pelo menos seis protestos já
agendados devem reunir manifestantes que vão reivindicar a garantia de diversos
direitos. A maioria, revelam as páginas, terá como ponto de concentração a
Praça Cívica, região Central, por volta das 8 horas de hoje. Mas iniciados à
tarde.
Com informações: O Hoje online
Sábado 07
de setembro
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