Um ex-analista do Departamento de
Contra-Inteligência do órgão revela que a agência foi usada para investigar
repórteres e donos de empresas
Um
documento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que descreve detalhes
de uma queda de braço travada entre um agente e seus superiores durante o
governo Lula, tem valor histórico inestimável. Esse documento, hoje arquivado,
é a evidência oficial mais forte até aqui de algo que agentes confidenciavam a
jornalistas, mas não podiam provar: o governo Lula espionou a imprensa. O texto
revela que houve uma “Operação Mídia”, ação clandestina de espionagem de
jornalistas e donos de empresas jornalísticas. VEJA teve acesso ao documento de
seis páginas no qual o tenente-coronel André Soares revela a existência da
operação ilegal.
Soares
trabalhava como analista de informações da agência havia dois anos. Estava
lotado na área de contrainteligência, encarregada de vigiar suspeitos de
ligação com grupos terroristas e de monitorar a ação de espiões estrangeiros em
território brasileiro. Antes de chegar à Abin, tinha passado pelo Centro de
Inteligência do Exército (CIE). No documento, o oficial relata que foi
convocado à sala do chefe em um fim de expediente em 2004. Lá, recebeu a missão
de procurar um determinado informante. Tudo o que o chefe lhe passou foi o
codinome do informante, sua profissão, o lugar do encontro e, o mais
importante, o título e o objetivo da missão: “Operação Mídia”.
Robson Bonin- Veja
Domingo
10 de novembro 2013
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